Margarete era uma mãe ocupada. Tinha dois filhos sem pai, pagava as contas sozinha, tinha um emprego merreca com salário mínimo e morava em um lugar minúsculo, mas, mesmo assim, era uma boa mãe.
Ela era uma mulher loira, com cachos lindos, olhos claros e corpo belo para quem já pariu duas vezes. Conseguia se cuidar mesmo sendo pobre. Tinha manias de sempre deixar tudo organizado e bonito. Era uma perfeccionista.
Na verdade, as coisas estavam melhorando para o seu lado. Tentava a noite inteira conseguir um emprego, e, por sorte, achou um, que pagava bem e ficava perto de sua casa. Fez a entrevista e estava esperando a resposta.
Até que em um tarde ela recebeu a notícia que havia conseguido. Tinha conseguido... o emprego e, ainda por cima, vencer todas aquelas coisas ruins. Estava muito feliz, como nunca esteve há anos... desde que aquela tragédia aconteceu com seu marido. Ele havia ficado louco.
Naquele mesmo dia, contou para seus filhos a notícia e fez um jantar especial. Todos estavam muito felizes por aquilo, mesmo que não signifique nada para muitas pessoas por aí.
Depois de um mês, Margarete resolveu dar presente aos seus filhos. Com seu primeiro salário comprou um computador ao filho de catorze anos e um robô eletrônico ao filho de cinco anos. Eles gostaram muito dos presentes.
O mais velho se trancou no quarto e ficou usando o computador e o novinho foi ao seu quarto brincar. Margarete ficou tratando do trabalho.
Passaram-se dias, semanas, e a vida de Margarete estava ficando cada vez melhor. Ela ganhava um bom dinheiro e cuidava de tudo em casa. Era uma vida boa. Viajava em alguns finais de semana, marcava encontros com caras e se divertia muito.
Em uma tarde em sua casa, sentiu um cheiro estranho mas decidiu ignora-lo. Dias se passaram e o cheiro foi ficando cada vez mais forte então ela investigou o que era. Entrou em um quarto e o que viu a chocou. Seu filho mais velho estava sentado na cadeira giratória, com a cabeça apoiada no teclado. O cheiro vinha dali. Ele estava morto, coberto de sangue e feridas. No lado de dentro da porta, tinha marcas de arranhados vermelhos e todo o quarto tinha vestígios de sangue. A mãe se afastou da porta do quarto, levou as mãos até a boca e seus olhos se encheram de lágrimas. Finalmente havia percebido: depois que deu os presentes aos meninos, nunca mais os viu e ficou obcecada por sua própria vida e pelo trabalho. Foi se afastando do quarto e bateu as costas em outra porta. Abriu-a e deparou-se com seu filho, de apenas cinco anos, jogado no chão com marcas de arranhados pelo seu rosto e corpo agora muito magro. O quarto, como o outro, tinha vestígios de sangue. Elas o fechou e foi até a sala.
A mulher queria morrer, como pode deixar isso acontecer? E ainda por cima com seus próprios e amados filhos. Tombou no carpete bege e liso da sala e chorou desesperadamente. Berrou e berrou, mas obviamente, de nada adiantava. Então, quando se acalmou muitas horas depois, conseguiu se perguntar na mente:
- Quem havia trancado as portas e abafado os barulhos dos meninos tentando sair?
Foi então que algo fino, gélido e metálico passou deslizando em sua bochecha e sentiu uma voz conhecida e máscula sussurrando em seu ouvido:
- Devia ter cuidado melhor dos nossos filhos, amor...
Postado por: Pessoa064
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