quinta-feira, 25 de julho de 2013

Os Cães - Parte 2

- Eu vi o sujeito ontem chegando todo bêbado do trabalho. Um horror. E ainda por cima, parecia levar duas coisas pesadas em cada mão. Parecia corpos! - disse uma das vizinhas.
- Meu Deus do Céu! Esse homem é louco, acho que devíamos denuncia-lo... - disse a outra.



   O homem recolheu o pequeno cachorrinho com cuidado. Deixou a cesta em cima de um balcão e começou a pensar. Será que deveria cuidar mesmo do cachorro? Estava prestes a se matar... naquela noite mesmo, com veneno. Mas... o cachorro... parecia que tinha o dever de cuidar  daquele pequeno ser vivo. Sim, tinha, e iria. Deu o nome dele de C.J - um nome simples e fácil de lembrar.
  Ao passar dos anos, ele foi cuidando fielmente do cão. Como era um homem solitário, C.J lhe fazia companhia. Era um cachorro obediente.
  Mas, ao longo dos anos, C.J começou a ficar doente e velho e seu dono triste, triste demais. até que, por fim, ele não aguentou a pressão. Ficar sozinho de novo parecia... trágico, doloroso demais. Só quem era como ele poderia entender a dor dele. Estava ficando louco. Imaginava toda a hora C.J caindo morto, a qualquer segundo, a qualquer passo que o cachorro desse.
  Em um dia, se embebedou na sala e chorou, chorou. E viu, com visão turva, seu cachorro. Queria que ele, C.J, estivesse com o dono até o fim. Queria se matar, era a única solução para matar a dor. E, tudo o que conseguiu dizer para C.J foi:
- O que eu faço agora, amigo?
  Em questões de segundos, C.J pulou em cima do homem e começou a morde-lo forte na barriga. Ele gritou, mas como não tinha muitas forças, não conseguiu fazer nada. E quanto mais C.J o mordia, mais berrava, mas ninguém conseguiria ouvi-lo, ninguém poderia salva-lo. O cão arrancava as tripas de seu dono e os jogava no carpete, que naquela altura, já estava totalmente manchado de sangue. Assim, formou-se mais um morto.



  Depois de algumas horas que C.J havia terminado o trabalho, ele apareceu, na calada da noite, como uma sombra, sem ser notado. Embrulhou o corpo do rico e o segurou-o bem firme apoiado nos ombros. Fez carinho atrás das orelhas do cachorro e disse:
- Você é um homem livre agora. Pode ir.


Postado por: Pessoa064

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