segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Xiu.

  Sandra e sua amiga, Lara, estavam na biblioteca de sua escola, lendo e conversando, o que fazia a professora repetidamente gritar um "xiu" para elas. Encontravam-se sentadas em mesas atrás das grandes fileiras de livros, enquanto lá na frente ficava uma professora em sua cadeira, tomando conta do local.
  Depois de um certo tempo, Lara disse que ia ao banheiro e voltaria rápido. Sandra aceitou e continuou sua leitura. Ela se divertiu com a leitura e não percebeu que era a única na biblioteca, além da professora, e que fazia tempo que sua amiga fora no banheiro.
  Ela começou a ficar preocupada, pois já haviam se passado meia hora. Até que, em uma hora, um menino chegou e se sentou na mesa que Sandra estava, na ponta. Ele era, no mínimo, estranho. Seus cabelos pretos eram sem corte e escorridos, cobrindo quase todo o rosto pálido. Ele usava uma roupa feita de pano branco, que o cobria até o joelho, e seu sapato era preto. Sandra o encarou por alguns minutos e voltou a ler. Depois de mais algumas horas, ela se afastou do livro, preocupada com sua amiga e percebeu que o garoto havia sumido. Então, farta de tudo aquilo, fechou seu livro, levantou-se da cadeira, colocou o livro de volta a uma prateleira. Caminhou entre as fileiras gigantes de livros e foi até a professora. No momento de desespero, ela começou a gritar com a mulher, dizendo que sua amiga sumira há horas, mas a professora a interrompeu, levando o dedo indicador aos lábios e fazendo um "xiiiiiiiu" sonoro e censurado.
Sandra se acalmou e pediu a professora para que achasse sua amiga, já que a porta da biblioteca estava fechada e trancada e a professora era a única que tinha a chave. Ela se levantou, impaciente, abriu a porta, saiu e a trancou de volta, assim indo em busca de Lara.
Sandra voltou para onde estava sentada e esperou. vinte minutos, trinta minutos, quarenta, uma hora e nada. Ela estava presa ali e sozinha. Estava desconfortada e com medo. Até que, em uma certa hora, ouviu uma batida da porta. Ela se levantou rapidamente e viu, pelas fileiras de livros, o menino estranho. Com sua roupa branca com manchas vermelhas. Sandra gritou para ele:
-Quem é voce?
- Ninguém. - respondeu, com uma voz vazia e sem vida.
- E onde está a professora? E minha amiga? - perguntou Sandra novamente, nervosa.
Então, o menino simplesmente ergueu um braco que estava coberto pela manga larga de sua camiseta de pano, o que fez ela se abaixar quando ele levantou o braço, revelando uma carne podre e cinzenta. Levou o dedo indicador ao lábio que se curvava em um sorriso psicótico e, como se o mundo não tivesse mais som de nada, apenas das palavras dele, o garoto murmurou:
-xiiiiiiiu.


Créditos á: Andressa de Freitas.
Postado por: Pessoa064

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