Ele estava sentado na cadeira. Nu, em uma sala completamente branca e fechada, a hora era agora. Depois de muitos anos de puro estudo, ele entende o que realmente é. Ele se abaixa e pega uma faca (a unica coisa que estava no chão) e fura um lado da bochecha. Faz um grande buraco nela.
Ele nunca entendeu o que era. Por que era tão diferente das pessoas. Quase todos não gostavam dele, só teve poucos amigos que ajudaram na pesquisa. Nunca entendeu sua aparência que era diferente dos outros. Ele era albino, com olhos escuros, muito alto e magro. Por mais que tentasse ganhar peso, não conseguia. Parecia uma pessoa quase normal se seus olhos não tivessem pupilas enormes que cobrissem quase todo o olho.
Ele coloca a mão dentro do buraco da bochecha e o mexe. Puxa um fio negro para fora da bochecha. O fio é bem longo. Ele o puxa, puxa e puxa agora com as duas mãos. Sua bochecha está murchando, mas ele não se assusta. Ele já sabia que tal coisa aconteceria. Ele continua puxando e sente seu corpo ficando cada vez mais leve. O fio acaba. Agora, ele enfia toda sua mão no buraco da bochecha e tira um fio maior. Ele vai puxando e puxando e seu corpo começa a murchar.
Nessa hora ele está pensando no passado. Como era diferente. Como se assustava ao descobrir coisas de si mesmo. Ele não era nada, apenas um peso, apenas algo cobrindo o espaço. E isso o deixava descontrolado. Ele pede perdão aos amigos que tirou a vida. Ele pede desculpa aos conhecidos que tirou a vida. Ele pede desculpa a si mesmo por estar fazendo isso agora.
Os braços dele murcharam. As pernas murcham e o fio acaba. Ele enfia o braço dentro do buraco e tira outro fio. Continua puxando.
Ele nunca conheceu sua mãe e pai. Sempre viveu em um orfanato pobre. Nunca conseguiu se machucar de verdade. Uma vez levou um tiro na rua e abriu um buraco em seu peito (onde havia levado o tiro) e não se machucou, não sangrou, não sentiu dor nem nada. E foi isso que o levou para as pesquisas sobre si mesmo. Afinal, quem era ele? Ninguém sabia. Nem ele mesmo.
Suas pernas murcharam e seu peito murcha. Ainda esta com a cicatriz da bala. Ele puxa mais forte. O braço direito murcha por completo, seu pescoço murcha. Um lado de sua cabeça murcha e o outro também. Por fim, seu braço esquerdo (a quem puxava a linha) se murcha por completo. O fio acaba e ele morre.
Alguns dizem que foi uma morte sem dor nem sofrimento. Era só puxar a linha.
Postado por: Pessoa064
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