Elas três estavam incomodadas com a tal barulheira que o vizinho fazia naquela hora da madrugada. Estavam com seus pijamas bordados e uma com vendas de olhos no pescoço. Uma delas socou a porta e berrou:
- Se o senhor não parar com isso, vamos chamar a policia!
E a porta se abriu. E ele veio... com aquele sorriso sarcástico e desafiador e apenas sussurrou para elas:
- Entrei. Já é a vez de vocês.
Elas entraram em conjunto e fecharam a porta. Ele pegou o machado e começou a corta-las sem remorso. Elas tentavam gritar, mas nada saia de suas bocas. A dor era horrível. Mas como...? Por que? Ele era apenas um vizinho solitário.
Mas... a maioria não sabe que ele nunca sentiu remorso, apenas prazer. Nunca sentiu dó, apenas felicidade, nunca sentiu o calor, sua alma era inteiramente fria. Nunca sentiu amor, não existia flores em seu caminho. Ele era cruel, ele era indomável, ele tinha força e poder, tinha audácia e insolência. E ele tinha prazer, muito prazer nos massacres. Cada alma que era deixada em um corpo humano, parecia uma bela refeição para ele. Será que não tinha pai nem mãe? Será que tinha família que preste? Será que tinha um lar, um aconchego? Não, ele não tinha nada, e ao mesmo tempo, tinha tudo. Cada vez mais aparecia alguém assim, que nem ele, nesse lugar que chamamos de planeta. Cada vez mais gente pode surgir. Então, assim será que um dia ele deixará de ser um vizinho solitário? Ainda afirmo que não. Não existe alguém igual a ele. Ele é único. Único e solitário.
As vizinhas deram seus últimos suspiros, últimas palavras e morreram. Suas carnes foram fatiadas delicadamente. Ele pegou a pele de três cachorros filhotes, pura pele. Abriu um buraco pela barriga e enfiou a carne de uma as vizinhas ali dentro. Depois a outra com a segunda pele e o mesmo com a terceira. Costurou elas e as deixou em um canto da sala e foi para o quarto. O que sobrou foi comido por ele mesmo.
Ele não entendia porque tinha que ficar ali. Talvez uma vingança que ele não se lembrava. Pessoalmente, as vizinhas nunca o agradaram... ele não entendia muito bem porque tinha que fazer aquilo. Ele nem devia ter consciência! Nem devia pensar! E muito menos ter sexo. Será que seria uma reencarnação apenas? Ou algo que fosse além da compreensão do humilde cérebro humano?
Ele só queria morrer, mas nunca, jamais poderia ser feito esse sonho.
No outro dia de madrugada, ele pegou as três cachorras, colocou-as numa sexta, escreveu um bilhete e o colocou junto delas. Saiu do apartamento. Chegou ao seu destino e se despediu das cachorrinhas e tocou a campainha. Em seguida, desapareceu na escuridão.
Um homem atendeu a porta. Meio carrancudo, com cabelos grisalhos, olhar sério e usava um pijama azul. Ele viu a cesta de cachorrinhos em sua porta, recolheu-a e leu o que estava escrito no bilhete:
"Eu não as suportava. Cuide bem delas."
Postado por: Pessoa064
Nenhum comentário:
Postar um comentário